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E a honestidade?



Há algum tempo fui convidada para participar de uma meditação indiana chamada OM (Oneness Meditation). Uma prática bem diferente do que conhecia até então em minhas buscas espirituais. Divertido, colorido e com músicas boas. Mas o que mais me chamou a atenção, foram as palavras do palestrante (orientador, guru, figura de referência, não sei ao certo o nome que se dá para quem conduz a cerimônia) da noite.

Ele falou sobre a honestidade na conversa com Deus. Se Deus é Deus, obviamente Ele já sabe o que queremos ou pensamos de fato, então, para que esse esforço todo para parecer diferente do que realmente somos? O exemplo foi mais ou menos assim: “a pessoa reza para ganhar na Mega Sena. Cem milhões acumulados e se ganhar vai poder doar vinte milhões para a caridade, mais uns vinte para a família e assim, mostra para Deus o quanto é uma criatura bondosa. Mas lá no fundo pensa que deveria ganhar mesmo cento e quarenta milhões para poder fazer as caridades e ficar com os cem que pediu desde o início. Não seria melhor já ser honesta de uma vez? Senhor, quero ganhar na Mega Sena para ser rica e pronto, gastar tudo na ostentação”. Hahahaha.

Adorei o exemplo e comecei a pensar sobre isso no ambiente de trabalho, lógico né? Do que vive esse blog? Pensei sobre o quanto conseguimos ser honestos com Deus (e conosco) nesse dia a dia. Queremos um aumento para nos equilibrar financeiramente ou para nos sentir reconhecidos?  Queremos entregar um trabalho logo para atender o cliente ou para ficar livre dele? Vamos almoçar com o colega porque a companhia é boa ou para ser convenientes a uma situação que pode nos favorecer?

Também não precisa adotar a postura do super sincero. O negócio é que estamos tão ligados ao certo e errado que aprendemos ao longo da vida, que ser verdadeiros conosco mesmo, e com Deus, pode parecer muito estranho. E assim tomamos a maior parte das nossas decisões, justificadas pelo que achamos correto e não pelo que sentimos de fato. Gastamos uma energia enorme para parecer o que não somos para nós mesmos.

E se a gente só relaxar, e ficar em paz com o que queremos e sentimos, mesmo que seja estranho ou não tão politicamente correto? Talvez assim seja possível lidar com mais verdade e eficiência com o que escolhemos viver, se não for preciso justificar ou tornar bonitinha a vida que de fato nos faz feliz.

Então Senhor Deus, estou pronta para ser madame, só para poder trabalhar quando quiser e com a renda destinada a mim mesma e aos projetos do meu coração que não precisam gerar lucro. Obrigada, beijo. Amém.