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As Constelações Organizacionais

No último dia 25, fiz uma apresentação de caso no 1º Simpósio do Triângulo Mineiro em Constelações Sistêmicas- Saberes & Reflexões. Na oportunidade, foi possível mostrar como o pensamento sistêmico pode fazer parte de uma consultoria de negócios. Para quem quer entender mais, segue um texto que escrevi para os participantes do evento e uma entrevista na qual explico melhor tudo isso.

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As constelações organizacionais são consideradas um novo tema dentro do campo das práticas de gestão, uma vez que estão ligadas a aspectos emocionais, psíquicos, fenomenológicos ou seja, intrínsecos ao que é humano. Mas a verdade é que este é um tema mais antigo (e trabalhado nas empresas) do que possamos imaginar.

Empresas são feitas por pessoas desde que empresas existem, a grande questão é que as discussões a respeito do quanto o fator humano é capaz de interferir no alcance das estratégias traçadas para uma organização, foram enfatizadas a partir das últimas décadas e com a chegada da famosa geração y. Para essa turma, o significado dos passos na carreira tem tanta importância quanto a técnica. Gente é um assunto velho, mas o olhar estratégico e valoroso sobre o tema nas empresas é relativamente novo.

Em uma entrevista para a Endeavor, Abílio Diniz dá a sua definição de empresas, “são pessoas e processos, processos e pessoas (...). Uma empresa que não tem pessoas engajadas e comprometidas, não pode ser de alto desempenho”. O cara sabe das coisas. Pessoas e processos são o foco de estudos dos métodos de gestão há muito tempo e como novas ferramentas surgem a todo o momento, a abordagem sistêmica também se apresenta. Esse formato de avaliação pode ser encontrado em outras teorias do campo organizacional, pois leva em consideração as relações entre os componentes do sistema para que se alcance um diagnóstico, exatamente como as análises macro ambientais. A metodologia em si, por meio da abordagem sistêmica desenvolvida por Bert Hellinger é que é nova para o ambiente corporativo, tem cerca de 15 anos em todo o mundo e começou a partir da iniciativa de Gunthard Weber.

Então vamos entender que bicho é esse?

Os mesmos princípios que são trabalhados no aspecto terapêutico das constelações familiares (pertencimento, ordem e equilíbrio entre dar e receber), são trazidos para as organizações para compreender como as interações sistêmicas influenciam a tomada de decisão. Traduzindo, muitos dos projetos que ficam nas gavetas, tem ligações com aspectos que podem estar ocultos na dinâmica das empresas e nada tem a ver com a competência técnica da equipe. Por exemplo, um consultor contratado para trabalhar com a área financeira da empresa irá aplicar diversas técnicas de gestão para alinhar as atividades da área até que se alcance o resultado almejado, no entanto, provavelmente encontrará entraves no processo que, por mais que haja técnica e engajamento da equipe, algumas decisões simplesmente não saem do papel, ainda que todos saibam o que fazer.

Quando examinamos esses casos do ponto de vista sistêmico, podemos encontrar as razões para que uma consultoria como essa não consiga ser implantada em sua plenitude. E sim, muitas dessas razões podem ser pessoais e inconscientes. Já atendemos um caso no qual a cliente mantinha a empresa desorganizada, em especial na área financeira, pois, de algum modo se mantinha unida a família em função das contribuições constantes que tinha do ex-marido e dos filhos para a gestão, sempre em colapso. Quando tomou consciência da dinâmica, foi possível tratar a causa (medo de estar só e assumir a responsabilidade) e pasmem, em três meses a empresária já tinha dois administradores contratados organizando a operação, melhor qualidade de vida e de quebra, resolvido uma série de questões pessoais que se arrastavam a anos.

Todos nós temos muitas razões para escolher as empresas que escolhemos para trabalhar ou para definir quais são os rumos dos nossos empreendimentos, e seria ingenuidade acreditar que esses motivos são apenas profissionais. Os sonhos, expectativas, medos e aspectos que nem sempre conhecemos de nós mesmos, influenciam essas decisões e as constelações organizacionais apresentam a possibilidade de lidar com tudo isso com maior clareza, foco e acolhimento, sem que tenhamos que nos expor além do necessário ou negligenciar o que faz parte do processo decisório, ainda que desconhecido.

Essa abordagem pode ser utilizada tanto no aspecto individual do profissional, como no exemplo que apresentei, quanto na avaliação macro das organizações e suas relações com stakeholders.

Projetos sem sentido

Cuidado com eles.

Hoje vou utilizar o prelúdio de um dos meus livros preferidos (A Dança – Oriah Montain Dreamer) para compartilhar alguns aprendizados na experiência como Coach.

E se, na verdade, não importa o que você faz e sim como você faz, seja lá o que for?
Como isso mudaria o que você decidiu fazer com a sua vida?”

Há uma proliferação do uso das técnicas de coaching no mundo corporativo nas últimas décadas. Várias metodologias, cursos de todos os tipos e público para todos os serviços. A ideia nesse post não é tratar da qualidade do coaching, não tenho essa pretensão, mas sim do sentido com que se busca esse serviço. Tanto para o cliente (coachee), quanto para o profissional que o oferta (coach).

É comum haver uma confusão a respeito da função do coaching, como um processo de cura ou de orientação. Esses aspectos cabem ao campo da terapia ou da consultoria. Coaching tem a ver com apoio ao desenvolvimento, ou seja, o processo apoia, mas cabe apenas ao cliente tomar as decisões e seguir o seu caminho.

Pensando nisso, comecei a observar que há muitas discussões a respeito das expectativas miraculosas dos clientes em relação aos processos de coaching, mas pouco se fala das expectativas dos profissionais que ofertam o coaching sobre seus clientes.

“E se você pudesse ser mais presente e ter uma atitude mais acolhedora com cada pessoa que encontrasse, se, em vez de estar fazendo um trabalho que achasse importante, estivesse trabalhando como caixa de uma pequena loja ou recepcionista de um estacionamento?
Como isso mudaria o modo como você quer passar seu precioso tempo neste planeta?
E caso sua contribuição para o mundo e a conquista da sua felicidade não dependam da descoberta de um novo método de rezar ou de uma técnica de meditação mais adequada, nem de ler o livro certo ou comparecer ao seminário apropriado, e sim de você realmente ver e apreciar profundamente a si mesmo e ao mundo como eles são neste momento?
Como isso afetaria sua busca de crescimento espiritual?”

Ter coragem de ser menos importante que o processo do cliente pode ser um desafio. Vejamos, é comum que o coachee venha para o processo de coaching com uma enorme expectativa de que, com um plano bem estruturado todos os seus problemas serão resolvidos. É claro que ele sabe que isso não é verdade, como todos nós sabemos que atividade física durante um mês não vai deixar ninguém malhado, mas ainda assim pode haver aquele desejo íntimo de que funcione e rápido. Ainda que as expectativas estejam alinhadas, elas existem, de ambos lados. E acredito que a mais desafiante de administrar seja a do Coach, visto que nem sempre é considerada.

“E se não houver necessidade de mudar, de se transformar numa pessoa mais bondosa, mais presente, mais amorosa ou mais sábia?
Como isso afetaria todos os aspectos da sua vida em que você está sempre procurando ser melhor?
E se a tarefa for simplesmente desabrochar, se tornar quem você realmente é — uma pessoa meiga, bondosa, capaz de viver plenamente e de estar apaixonadamente presente?
Como isso afetaria a maneira como você se sente quando acorda de manhã?
E se quem você é essencialmente agora for exatamente o que você será sempre?
Como isso afetaria o modo como você se sente em relação ao futuro? E se a essência de quem você é e sempre foi for suficiente?
Como isso afetaria a forma como você vê e se sente em relação ao passado?”

E se o seu cliente não conseguir alcançar todas as metas?  E se não for possível que ele trace um plano aprofundado? E se alcançar uma nova visão a respeito das questões que o impedem de decidir, for o máximo possível no processo de desenvolvimento dele naquele momento? Você consegue lidar com isso?

Coaching não resolve questões emocionais, mas se conteúdo racional fosse o suficiente para resolver tudo, mentalizar seria mais eficiente que pegar peso para ganhar músculos. É preciso sensibilidade para compreender que qualquer passo só pode ser dado com segurança quando faz sentido à mente e ao coração de cada pessoa e, quando falo de coração, quero dizer que as emoções também fazem parte do processo de coaching, ainda que o foco não seja tratá-las terapeuticamente. O importante é que elas possam fazer parte genuinamente.

Quando experimentei o processo de coaching pela primeira vez, o foco da profissional que me atendia era fazer com que eu alcançasse o objetivo com eficiência. Sentia que a pessoa estava mais centrada em si e no objetivo que ela tinha enquanto profissional do que no meu processo, ou naquilo que fazia sentido (e era possível) para mim. Provavelmente não foi intencional ou consciente essa postura, mas me fez sentir mais pressionada que apoiada. Ali decidi que o respeito seria o meu guia como profissional dessa área. Outro aspecto que observei foi o quanto a paisagem emocional interfere nessas percepções.

Como manter o foco nos objetivos se há processos emocionais em evidência? Olha, sejamos sinceros, você conhece alguém que não tenha nenhuma emoção conturbada lá em algum lugar do seu interior? Eu ainda não tive a chance de conhecer esse ser. O que isso significa? Que não tem ninguém pronto, estamos nos fazendo a cada dia e, portanto, teremos sempre as nossas questões. O cuidado necessário é com a função do coaching na vida do cliente. Cada um tem um tempo de amadurecimento e pode ser que o seu cliente precise apenas de um plano para o primeiro passo. Nem todos estão preparados para grandes planos. E tudo bem.

Nesse caminho do primeiro passo, pode-se chegar à conclusão de que seja necessário um tratamento terapêutico. Tive uma experiência assim, uma cliente que indiquei para a terapia me disse que precisava do coaching como apoio para ter coragem de ir para a terapia. Cinco meses depois, três deles em terapia, toda a vida da cliente foi mudada por suas novas escolhas.

Vida de Executiva


Uma outra cliente me disse um dia desses que se questionava sobre o seu preparo para o processo de coaching, pois, ao final, muitas das questões que existiam antes do processo ainda não haviam sido totalmente resolvidas. Para uma pessoa absolutamente racional - ainda que sensível - planos concretos são o parâmetro válido para a eficácia do processo. E o são, na maioria dos casos, mas não em todos. Quando se trata de uma mudança completa de vida, um processo certamente não será o suficiente para colocar tudo em ordem. Quando a confusão é maior que a percepção da força interior, ir para a ação pode ser mais arriscado do que aprender a lidar com o caos. Qual era o sentido de ter um plano concreto em dez sessões nesse caso? Agir ou continuar a planejar ações que não faziam sentido real, mas que geravam a segurança de permanecer sem movimento?

Quando se trata de pré-requisitos para o processo de coaching, acredito que apenas dois são de fato relevantes: a capacidade de assumir a responsabilidade por seu processo e a capacidade de encontrar sentido no processo. Quando descobrimos o sentido para a decisão, encontramos a função dela em nossas vidas e portanto, o passo seguinte.

Ao final da nossa conversa, ela disse ainda que o principal ganho do processo havia sido o olhar mais leve sobre o que precisava ser decidido, que no caso dela, envolvia uma mudança completa de vida. Duas semanas depois, ela me envia um e-mail, absurdamente honesto e cheio de significado, me contando que havia decidido o que fazer. Aquilo que atendia de fato às suas competências, ao seu potencial, ao seu momento de vida e especialmente, ao seu coração. Agora sim, é possível colocar em prática as várias ações determinadas em coaching e muitas outras.

Com ela aprendi a gerenciar melhor minhas expectativas sobre o tempo que leva para que cada um escolha se movimentar. Não bastava que eu visse todo o potencial de prosperidade, não bastavam as técnicas ou o meu apoio como coach, era preciso que ela tomasse o seu tempo para então, se encontrar com a força de uma decisão.

E para ela deixo as perguntas finais de Oriah Montain Dreamer:

“E se o fato de nos tornarmos quem realmente somos não acontecer através do esforço e da tentativa, e sim por reconhecermos e aceitarmos as pessoas, os lugares e as experiências que nos oferecem o calor do estímulo de que precisamos para desabrochar?
Como isso determinaria as escolhas que você faz a respeito de como quer viver o momento presente?
E se você soubesse que o impulso para agir de uma maneira que irá criar a beleza no mundo surgirá bem no seu íntimo e servirá de orientação sempre que você simplesmente prestar atenção e esperar?
Como isso daria forma à sua quietude, seu movimento, sua disposição de seguir este impulso, de apenas se soltar e dançar”?


** Querida coachee, esse prelúdio é para você. Desejo que seus projetos concretos sejam repletos de sentido em cada presente e em cada caos que você viver, a partir daqui. 

Plano de (motiv)Ação

Demorei, mas voltei.

E foi por uma boa causa. Nos últimos meses tenho refletido bastante sobre os rumos na carreira e na vida e, portanto, precisava viver algumas experiências para amadurecer as ideias, acalmar o coração e ter boas coisas para contar aqui.

Eis que recebo um recadinho pelo Facebook: "Tia Tati, dá uma atualizada no seu blog... Saudades dos seus textos :)". Meus alunos me chamam de tia as vezes, uma tia jovem, quero deixar claro. E esse foi um belo estímulo (e/ou puxão de orelha, como queira) para voltar a escrever.

Aproveitando o ensejo, vou falar sobre ele: o estímulo. O que isso tem a ver com o título da postagem? Não há plano de ação que vá para a frente sem ele minha amiga.

Os últimos projetos desenvolvidos aqui na empresa têm me ensinado algo importante sobre o nível de motivação e engajamento das pessoas para agir. Cada qual utiliza um estímulo diferente para se manter em movimento: o reconhecimento, o aumento na renda, a vontade de ver o projeto dar certo, trabalhar menos e ganhar mais, crescer, e por aí vai. Ou para se manter parado: o salário é baixo, o clima é ruim, estou cansada, não me interesso pelo que faço, e por aí vai também.

Mas tudo começa (ou para) com o estímulo. E gastamos um tempo enoooooooorme procurando resolver os problemas já instalados, sem as vezes pensar no que os causou, ou o que os estimulou para que se manifestassem. 

E então o ciclo de instala: estímulo, reação, resultado (que é um novo estímulo). Ok, até aqui nada de novo. Mas eis que surge o comentário da aluna, que me faz lembrar de um acontecimento e "plim", cá estou a escrever. 

Há algum tempo entregamos um projeto para um cliente e boa parte dele já estava implantado. Na reunião final, surge o seguinte diálogo com um dos sócios:


Cliente: Então, agora que acabou o processo você vai de quanto em quanto tempo lá na empresa cobrar da gente as coisas que faltam fazer? Você vai cobrar a gente né?
Eu: Não, não vou cobrar vocês.
Cliente: É, mas se você não cobrar, pode ser que não façamos tudo e se o trabalho não der certo, eu posso falar mal da sua empresa no mercado.
(...).

Esses diálogos são mais comuns do que imaginamos. Podem ser transparentes como com esse cliente, ou podem ser velados. Mas o importante é perceber como há aí uma busca de estímulo através da transferência de responsabilidade. Existe uma expectativa sobre o consultor e sobre o coach de que esses profissionais terão todas as respostas e que, depois de contratá-los, tudo vai se resolver. A má notícia é que não vai. Só quem tem poder para resolver um problema é o dono dele. Os demais são assessores, contribuem, mas não resolvem.

O que o meu cliente queria dizer é: Não estou estimulado o suficiente para agir. Havia a consciência da necessidade, um projeto estruturado com a participação dele, investimento financeiro envolvido e ainda assim sem estímulo suficiente para agir.

Para esse cliente em especial, conduzi uma sessão de coaching e depois de tomar consciência do que o impedia de agir, foi mais fácil se desapegar da necessidade de ser cobrado pela consultoria.

Tenho pensado que para projetar decisões organizacionais é preciso projetar também decisões estimulantes. Explico. Projetar decisões estimulantes tem a ver com sentir antes de se envolver em algum projeto, se haverá estimulo para agir. É preciso responder a uma pergunta com toda a honestidade: o que me move nesse trabalho? (Sem metáfora hein gente?! Literalmente movimento, levantar a bunda da cadeira e mandar ver).

O resultado é proporcional à entrega. Ninguém se entrega sem movimento, por menor que ele seja. Então, antes de começar qualquer coisa, faça o seu plano de motivação e compreenda se durante o processo você vai de fato suportar os desafios da conquista sem paralisar. E caso, dê muita vontade de parar, assista esse vídeo aqui, pode ser estimulante.

Viver no Coração

Foi como foi. E para esse momento tão reflexivo (7x1), quero compartilhar um dos melhores textos que já li sobre como lidar com a realidade. Então, licencinha que vou publicar um texto do Paul Ferrini. Prometo que semana que vem volto a escrever. 

;)


"Ficar no coração não é fácil. Pois é no coração que entramos em acordo com a experiência que estamos vivendo. Quando o coração está aberto, a experiência é bem recebida. Nós a aceitamos e permitimos que seja integrada com a nossa alma. Quando o coração está fechado, rejeitamos a experiência. Nós nos defendemos contra a decepção ou contra a mágoa e fugimos para a cabeça.

Quando a experiência passa a ser intelectualizada somos roubados não só do que é inferior, mas também do sublime na vida emocional. Perdemos a capacidade de sentir compaixão por nós mesmos e pelos outros. Perdemos a sensibilidade não somente para a dor e para o sofrimento, mas também para a beleza e para a felicidade.

Quando nosso coração está verdadeiramente aberto, tanto a felicidade quanto a dor são experimentadas sem inventar estórias, sem pintar a realidade de cor de rosa. Elas não significam nada diferente do que realmente são. Sentir dor não significa que somos maus, nem que outros sejam maus, assim como sentir felicidade não quer dizer que somos bons. Não há interpretações, só há disposição e boa vontade para aceitar e receber a experiência lá dentro. No coração aberto, o riso e as lágrimas se mesclam. É um lugar de intensa contradição, um lugar rico, um banquete variado de experiências que não podem ser racionalizadas, domadas, antecipadas, nem entendidas.

O medo e o condicionamento nos encorajam a rejeitar os aspectos da experiência que sejam novos, inesperados ou que não nos pareçam seguros. A alma fica dividida quando uma parte da experiência passa a ser vista como inaceitável. Passamos a ter bom e ruim, inconsciente e consciente, desejado e não desejado. Dessa forma somos capazes de ter uma experiência sem senti-la. Podemos fugir para a cabeça, nos distanciar, nos desconectar emocionalmente. Ainda que este tipo de dissociação seja compreensível quando se trata de uma reação a eventos traumáticos, ele passa a ser disfuncional em resposta aos altos e baixos da vida diária. 

Quando só estamos dispostos a aceitar o que nos é familiar ou aquilo que pensamos que queremos, ficamos presos na rotina e nos padrões do nosso passado. Ficamos estagnados emocionalmente e intelectualmente. Ficamos rígidos, ego-centrados e previsíveis. A energia da vida passa a ser investida na manutenção das defesas do ego, garantindo que o status quo permaneça intacto. 

Viver no coração significa deixar que tudo entre. Significa estar com a experiência, mesmo que ela seja difícil ou confusa. Para estar no coração, temos que adiar a tomada de decisões com frequência, até que fiquemos completamente familiarizados com o conteúdo total da nossa consciência.

Ficar no coração ajuda-nos a assimilar os caprichos de nossa experiência, ainda que isso leve algum tempo para acontecer. Quando não temos pressa, percebemos que as contradições iniciais acabam se resolvendo sozinhas. Tudo vai ficando mais claro conforme vamos honrando os variados pensamentos e sentimentos da nossa alma. É uma função da nossa inteireza, quando sentida. 

Tomar decisões antes de ter passado algum tempo com todos os nossos pensamentos e sentimentos contraditórios, acaba agravando qualquer que seja o conflito que estejamos experimentando em nossa vida externa. Quando sentimos urgência ou pressão para solucionar ou decidir alguma coisa, geralmente isso significa que estamos fugindo para a cabeça, tentando fazer com que “alguma coisa aconteça” que ainda não está pronta para acontecer. E, inevitavelmente, isso conduz a conflitos externos e a decepções. As portas não se abrem, não importa com que frequência ou com que força possamos bater nelas. Como não estamos em harmonia interna, não conseguimos ficar em harmonia com os outros. Como não estamos em nosso próprio “fluxo”, não conseguimos fluir com a vida conforme ela vai se manifestando ao nosso redor.

É preciso ter coragem para estar presente na paisagem emocional interna quando a chuva e a neblina obscurecem a vista. Quando a visibilidade é mínima, tudo o que podemos fazer é colocar um pé na frente do outro. Quando um monte de conflitos e emoções se agitam na alma, tudo o que podemos fazer é trazer gentilmente a consciência para onde estamos. Se nos apressarmos no meio da chuva e da neblina, desviaremos do caminho e cairemos. Um acidente vai nos atrasar muito mais de alcançar nosso objetivo do que o mau tempo e, daí, vamos desejar ter sido mais pacientes.

Ser paciente conosco mesmos e com o nosso próprio processo é o segredo de viver no coração. Podemos estar no coração e não "saber" o resultado de uma situação. Na verdade, a disposição “para estar sem saber” é essencial para estar presente aqui e agora, seja o que for que estivermos experimentando. “Saber” quase sempre diz respeito ao passado. Quando não precisamos mais saber, podemos ficar neste momento".

<3

Mãe Executiva

Dia das mães e vamos comemorar uma entrevista tudooo! Convidei a Veridiana Daia para bater um papo com a gente sobre esse negócio de ser executiva e mãe ao mesmo tempo. É uma das profissionais mais competentes com quem tive a oportunidade de trabalhar. Hoje empresária à frente da Bowbow e com uma experiência super legal na área de Marketing e Comunicação. E, se não bastasse a competência da pessoa, ela é uma fofura. Elegante, engraçada, do bem... Sabe aquela de quem a gente quer ser amiga? Pois, é! Mas para vocês não acharem que estou “rasgando a seda” (de onde saiu essa expressão Deus?), lê aí e veja porque essa mulher (executiva) é tudo isso e mais um pouco!

www.vidadeexecutiva.com.br


Conta para a gente um pouquinho da sua carreira Veri?
Dizem que a vida é feita de escolhas. Quando escolhi a faculdade de jornalismo não sabia o quanto acertada era essa decisão, nem tanto pela profissão em si, mas muito pela oportunidade de ter na formação acadêmica a comunicação. Assim construí minha carreira, como comunicadora.
Recentemente tomei uma decisão difícil, fazer uma mudança. Agora estou empresária do ramo de acessórios.
Gosto de pensar que comunicar é um talento que tenho e assim sendo, carrego comigo.  Mesmo desenvolvendo outra atividade não deixo a comunicação de lado.
Tenho muito orgulho da minha trajetória. De tudo o que vivi, aprendi e construí com a comunicação.

Como é ser mulher e executiva?
Ser mulher e executiva é uma combinação perfeita. Temos uma capacidade incrível de ter sensibilidade e de enxergar tudo com olhos amorosos. Meu marido costuma me chamar a atenção, ele diz que isso me faz sofrer, mas para mim isso é uma dádiva. Estou aprendendo a dosar. Sempre em busca do equilíbrio.

Como é ser mãe e executiva?
Noooosa! Esse é realmente um desafio na vida de uma empresária! Requer tempo e disponibilidade, sem falar disposição e não é só porque temos a responsabilidade, a obrigação com nosso filho, também, mas sim porque é prazeroso demais estar com eles, acompanhar suas conquistas, vê-los crescer... Em meio ao corre-corre da rotina, esse é o tempo mais precioso que buscamos ter todos os dias para passar com eles. E quando conseguimos é uma felicidade!

Ser executiva foi algo planejamento na sua vida? E ser mãe?
Sim, as duas coisas! Ser executiva foi resultado de muito planejamento. Formação, pesquisas e aprendizado contínuo. Ainda agora para transformar a empreendedora em empresaria fiz consultoria, cursos e todo dia aprendo uma nova lição com o mercado. Um dia fico boa nisso!
Já ser mãe foi um desejo meu e do meu marido, escolhemos ficar grávidos e nos preparamos para isso, foi uma decisão nossa. Esse amparo e apoio foram essenciais para tornarem minha gestação um momento de espera sem angustias.  Enfim, também foi planejado né?

O que mudou na sua vida de executiva depois que a Alice nasceu?
Meu sentimento de onipotência! Precisei aprender a delegar a função de cuidado com a minha cria para a funcionária e para a escolinha e isso foi sem dúvida nenhuma muito difícil, afinal, quem poderia cuidar melhor do que eu?

Alguma coisa mudou na sua vida de mãe depois que a Bowbow nasceu?
A rotina. Tenho que otimizar o tempo, o tempo todo, bem redundante assim, e ser mais organizada também. Sempre tem um compromisso de última hora ou uma reunião prolongada bem no dia da reunião de pais!

Como você organiza o seu tempo para dar conta de tantos papéis?
Não sei se consigo representar tantos papeis assim. O que faço para organizar minha rotina aprendi com meu pai, e é bem simples, acordo e faço um planejamento mental de tudo o que tenho que fazer no dia, assim, com a mente descansada pensamos melhor. Para os compromissos de trabalho mantenho uma agenda no celular, pois assim está sempre à mão, vai que o computador fica no escritório aí já viu....

Qual é o legado que você gostaria de deixar como mãe?
Ensinamos para a Alice coisas simples, mas que aqui em casa fazemos questão, como cidadania, justiça, respeito e sinceridade. E que compartilhar é a mais pura expressão do amor. Digo isso porque vejo pessoas que fazem um movimento de afastamento, se isolam, não convivem as vezes com sua própria família. Acho muito triste.

E como executiva?
Um império! Kkkkk! Uma brincadeira para dizer: perenidade, mas numa época tão mutante me pareceu muito retrô a palavra, mas pelo menos é digna!

Uma palavra: Respira!
Uma comida: French Toast com uma Xícara de café, bem devagar!
Um livro: Caçadas de Vida e de Morte. João Gilberto Rodrigues da Cunha.
Um homem: Oskar Schindler.
Um amor: O da minha família.
Uma inspiração: Coco Chanel.

Alguma dica para as mamães leitoras do blog?
Meninas sigam sempre em frente! Acreditem que vocês podem e vão conseguir.  Obstáculos teremos sempre.  A sabedoria está em como passar por eles. Nessas horas, tranquilidade, ou como ouvi de uma profissional que consultei e que considero uma amiga: Respira!

Viram que tudo?!

Veri querida, obrigada por compartilhar um pouquinho da sua vida por aqui! Suas palavras sempre trazem algum aprendizado bom demais! Que esse Dia das Mães seja recheado de alegrias, abraços e da certeza de que você é uma excelente mamãe, porque antes de tudo é uma excelente mulher. Gratidão imensa no meu coração e uma torcida sem fim para que esse “império” que você vem construindo com tanto amor, seja cada dia mais grandioso! ;)

Beijo especial no coração de todas as mamães leitoras do blog! Vocês são maravilhosas, lembre-se sempre disso!

<3

Blog no Instagram

@vidadeexecutiva
Agora o blog está também no Instagram.

O dia a dia por aqui costuma sem bem agitado, e nem sempre dá tempo de contar tudo o que acontece nessa vida de executiva aqui com os posts. Então, resolvi criar o perfil do blog para compartilhar não só os momentos, mas também dicas de livros, filmes, eventos, mensagens que uso nos atendimentos de coaching e o que mais encontrar que possa contribuir conosco.

Quem quiser participar, fique à vontade!

A verdade sobre os relacionamentos modernos

Hoje vou pedir licença e publicar um  texto de outra pessoa. Dá uma olhada nas 18 verdades sobre os relacionamentos modernos que estão nesse post gringo, que foi escrito pelo Christopher Hudspeth. Ah! A tradução é obra do blog Relatos de uma Diva.

1. Quem se importa menos tem todo o poder. Ninguém quer ser “a pessoa mais interessada” da relação.
2. Porque nós sempre queremos mostrar para a outra pessoa o quão blasé nós podemos ser, joguinhos psicológicos como ‘Intencionalmente Levar Horas Ou Dias Para Responder Uma Mensagem’ vão acontecer. Eles não são divertidos.
3. Uma pessoa sendo desapegada porque tem zero interesse em você parece exatamente igual a uma pessoa sendo desapegada porque acha você incrível and está fazendo um esforço consciente para fingir que não está nem ai. Boa sorte tentando descobrir quem é quem.
4. Ligações telefônicas são uma arte em decadência. Muito provavelmente, grande parte da comunicação do seu relacionamento vai acontecer por texto, que é a forma de interação mais desapegada e impessoal que existe. Já pode ir criando intimidade com as opções de emoticon.
5. Planos com antecedência estão mortos. As pessoas tem opções e atualizações de última hora da localização dos seus amigos (ou outros potenciais romances) graças as mensagens e as redes sociais. Se você não é a prioridade, você vai ouvir um “Talvez” ou “A gente se fala” como resposta para o seu convite para uma saída e o(s) fator(es) decisivo(s) serão se a pessoa recebeu ou não ofertas mais divertidas/interessantes que você.
6. Aquele alguém que te magoou não vai automaticamente ter um karma ruim. Pelo menos não em um futuro imediato. Eu sei que parece nada menos que justo, mas às vezes as pessoas enganam e traem e continuam suas vidas alegremente enquanto a pessoa que eles deixaram para trás está em frangalhos.
7. A única diferença entre as suas ações serem consideradas românticas ou assustadoras  é o quão atraente a outra pessoa te acha. É isso, isso é tudo.
8. “Topa sair?” e “Vamos fazer alguma?” são frases vagas que provavelmente significam “vamos nos pegar” – e enquanto você provavelmente odeia receber uma dessas, elas são o jeito mais comum de convidar alguém pra passar algum tempo com você hoje em dia, e aparentemente elas chegaram pra ficar.
9. Algumas pessoas só querem te pegar e se você está procurando mais do que sexo, eles não vão te falar “Alow, acho que eu sou a pessoa errada pra você”. Pelo menos não antes de você liberar o tindolelê. Enquanto a decência humana é o ideal, a honestidade não é obrigatória.
10. A mensagem que você mandou chegou. Se ele não respondeu, pode ter certeza que não foi por causa do mau funcionamento das operadoras de celular.
11. Tantas pessoas tem medo de compromisso e de estar sério com alguém que continuam um relacionamento não-definido, que acaba confundindo as coisas e só funciona até não funcionar mais. Eu já disse várias vezes, e vou dizer de novo – “nós somos só amigos” é abrir a porta para uma traição que tecnicamente não era traição porque, hey, vocês não estavam juntos juntos.
12. As mídias sociais criam novas tentações e oportunidades para trair. As mensagens por inbox e opções para um flerte sutil (ex. curtir a foto alheia) não servem como desculpa ou prova de uma traição, mas eles certamente aumentam as chances disso acontecer.
13. Mídias sociais também podem criam a ilusão de que você tem opções, o que leva as pessoas a verem o Facebook como um menu de pessoas atraentes ao invés de um meio de manter contato com o s amigos e a família.
14. Você provavelmente não vai ver muito da personalidade genuína e sem filtros de alguém até que vocês estejam em um relacionamento. Geralmente as pessoas tem medo de mostrar como realmente são e parecerem disponíveis demais, ansiosos de mais, nerds demais, bonzinhos demais, seguros demais, não engraçados o suficiente, não bonitos o suficiente, não alguma outra pessoa o suficiente para serem acolhidos.
15.  Qualquer pessoa com quem você se envolver romanticamente, ou vocês vão ficar juntos para sempre, ou vão acabar terminando em algum momento. E ambos são conceitos são igualmente assustadores.
vidadeexecutiva
16. Quando vocês estiverem namorando, ao invés de expressar como se sente diretamente para você, é mais provável que a pessoa publique isso no status do Facebook ou Instagram, uma foto tipo Tumblr, de um por-do-sol com uma frase ou trecho de música com as palavras de outra pessoa, e enquanto pode nem mencionar seu nome, é claramente para você.
17. Tem muitas pessoas quem tem zero respeito pelo seu relacionamento e se eles quiserem a pessoa com quem você está, não terão escrúpulos na tentativa de ultrapassar os limites para conseguir conquistar a vítima. Girl Code e guy code são ilusões e código humano não é incorporado em todos.
18. Se você tomar um fora, provavelmente vai ser bem brutal. As pessoas podem cortar laços pelo telefone e evitar ter que ver as lágrimas rolando pelo seu rosto ou terminar tudo por mensagem e evitar ouvir a dor na sua voz e o seu nariz escorrendo. Envie um texto longo e voilá, o relacionamento acabou. O caminho mais fácil está longe de ser o mais atencioso.
Eita! Quando li, fiquei pensando o quanto disso tudo também se aplica ao resto das nossas vidas, inclusive a profissional. Parece sempre mais desafiante cada um ser apenas o que é. E ser o suficiente. A síndrome de semi celebridade propiciada pelas redes sociais e o frio na barriga que os likes podem causar, têm mais efeito do que a experiencia real, seja num relacionamento ou no trabalho. Quem aí está de verdade com muito tesão no seu trabalho, na sua profissão e no que anda fazendo na carreira?
As mídias sociais também podem criar a ilusão de opções nessa área. Milhões de vagas (super legais) sendo divulgadas, e um monte de gente trabalhando aqui, pensando em trabalhar lá e não fazendo nada por inteiro nem aqui nem lá. Sabe a história da grama do vizinho sempre mais verde? Se tem muitos likes, está rico. Se trabalha com fulano, está feliz. E no fundo lá vai a pessoa encarar a realidade que nem sempre é tão filtrada assim.
Agora, pensando no lado bom da coisa, também nunca vimos tanta reflexão reunida né minha gente? Blogs (como este), frases feitas, pensamentos do dia e sei lá mais o que, que têm nos feito pensar um pouco mais sobre essa lógica estranha dos relacionamentos que temos vivido.
E para inspirar, um vídeo que mostra bem como é um relacionamento que funciona.


Adooooro! 
;)

Sobre Julgamentos

Estive pensando sobre o julgamento nos últimos dias. Vivo uma questão no trabalho, já há alguns anos, que sempre me intrigou, a idade. Ora sou muito nova, ora velha para as posições que ocupo. Depende do ângulo de visão. Ou da conveniência. É muito engraçado.

Eis que há algum tempo recebo uma mensagem de um aluno mais ou menos assim "Que bom que não me adicionou no Facebook, não gosto de gente religiosa, pois, afeta minha inteligência". Hahahaha. Ignorei. Mais um tempo e ele se desculpou pelo ocorrido. Foi mais fácil julgar do que me dizer que queria manter contato.

Desde então, comecei a observar esse aspecto e percebi que vemos pouco. Julgar antes de conhecer é arriscado, mas entre o certo e o real há uma distância bem relativa. E essa é uma daquelas conversas antigas que sempre são atuais.

Cheguei à conclusão de que julgamos o que não conseguimos compreender = conter em nós. Na tentativa de encontrar uma explicação acabamos por julgar. Simplesmente aceitar é mais difícil. Mais que aos outros, a nós mesmos, afinal de contas, ser o que se é dá mais trabalho do que ser o que esperam de nós.

Ok, vamos traduzir isso para o contexto organizacional.

Sore Julgamentos

Como é possível definir se uma marca é boa ou ruim, se um produto é caro ou barato? Normalmente, estabelecemos comparações para que a avaliação nos pareça adequada. Veja esse vídeo aqui, que legal! 

É tudo uma questão de percepção. Nossos julgamentos são sempre limitados às nossas experiências anteriores e/ou às experiências daqueles que nos cercam e que usamos como referência. E se isso faz sentido para você, é bom começar a pensar que muito da sua percepção da realidade possa ser apenas uma versão dela. Lidamos com as marcas do mesmo modo como aprendemos a lidar com nossos relacionamentos. Quaisquer que sejam eles. Estabelecemos comparações o tempo todo para conseguir encontrar qual é o nosso lugar em meio a tudo isso.

E como é o processo? Todos nós sabemos que sabemos o que sabemos. Calma, vamos de novo. A pessoa que sabe escovar os dentes, por exemplo, tem consciência de que possui esse conhecimento. Ela sabe que possui esse saber. Mas existem vários outros saberes em nós que nem sempre temos consciência deles. Ainda assim os danados estão lá. São as chamadas crenças, que aprendemos e utilizamos sem necessariamente ter consciência da sua atuação em nós.

Nos chamados Estudos do Caminho (Pathwork), Eva Pierrakos aborda brilhantemente esses temas e ensina um bom caminho para lidar melhor com as nossas crenças e consequentes versões da realidade.

Uma coisa que gosto de lembrar quando trato disso é que as crenças nem sempre são negativas, mas frequentemente são limitantes. Elas são fundamentais em grande parte das nossas vidas para nos ajudar a sobreviver, mas quando não fazem mais sentido e ainda insistimos em mantê-las, elas se tornam um belo obstáculo. Por exemplo, tenho alunos que por algum motivo estabeleceram desde muito cedo que deveriam ser esforçados para conquistar aquilo que desejam na vida. Costumamos aprender isso na família, pelo modo como nossos pais lidam com o trabalho. Ok, durante algum tempo essa crença os ajudou a se dedicarem a algo e foi positiva, mas agora será que ela irá ajudar? Para gente esforçada demais, as coisas costumam dar errado, afinal, elas precisam se esforçar. Assim, buscam inúmeras situações difíceis na vida profissional para que mostrem o quanto são esforçadas. Deus me livre!

Então observe o que você anda pensando sobre o seu trabalho e sobre como ele e as pessoas que fazem parte desse ambiente deveriam ser. Observe se a sua versão da realidade tem ajudado ou atrapalhado a sua carreira.

Para que tudo isso? Só para a gente ter mais noção de que de fato não sabemos tudo sobre a realidade que nos cerca. E que bom, pois, é aí que está a oportunidade do aprendizado, de haver espaço para novas coisas em nossas vidas. Por outro lado, é um lembrete para que o julgamento abra mais espaço para estar com a realidade tal qual é. Julgamentos são excludentes e é bom lembrar que sempre há algo mais a ser conhecido em qualquer situação.

E eu, sou espiritualizada (e porque não religiosa) sim.

Espiritualidade e Trabalho | Parte 2

Estamos de volta! Convidei meu amigo Alisson Machado Borges para falarmos mais uma vez sobre como lidamos com a nossa espiritualidade e como isso nos influencia no ambiente corporativo.

Então vamos lá! Quem já esteve num dia de trabalho que dá vontade de sair correndo sem motivo aparente? Com um cansaço excessivo sem causa justificada; dificuldade de concentração e foco (e não é pelo Facebook)? Sabe aquela sensação de estagnação na conclusão de projetos? Enfraquecimento, desânimo, desmotivação, e por aí vai. E as vezes, quando a gente sai do trabalho, parece até que retomamos o ânimo?

Pois é. Se a gente parar para pensar, pode ser que você não goste tanto do que faz e do lugar onde trabalha, e nesse caso, mude de post. Mas pode ser também, que você esteja perdendo energia nesse ambiente. E como é isso?

Sempre ouvimos dizer: “Nossa que ambiente carregado!”, “Fulano tem uma energia pesada”, “Ele apertou a minha mão e me deu até um calafrio”, “Fiquei sem energia depois de conversar com ela...”.

Vida de Executiva

Da mesma forma que somos tocados fisicamente, podemos ser afetados pela energia das pessoas ao nosso redor, e pode acontecer de forma similar, que tenhamos nossas energias roubadas por outras pessoas. Alguns terapeutas chamam isso de contágio psíquico (ui!), que acontece quando somos influenciados pelo campo energético do ambiente ou de outras pessoas.

Perdemos energia para o outro ou temos nossas energias benéficas e saudáveis trocadas pela energia densa de outras pessoas ou ambientes. Como passamos boa parte do nosso tempo trabalhando e em contato com muitas pessoas que possuem todo tipo de pensamentos, crenças e sentimentos, é bom que conheçamos essas dinâmicas. Esse conhecimento nos ajuda em nosso posicionamento diante das situações, especialmente nos ambientes organizacionais, nos quais há muito movimento e esses temas raramente são tratados.

Vamos partir da hipótese que você é um ser espiritual, que é energia (olha a física quântica que a gente ama aí), e é afetado pela energia de outras pessoas, seja física, emocional ou espiritual.

Em várias culturas, principalmente as orientais, existem estudos que descrevem o modo como o nosso sistema energético funciona, tendo canais e filtros pelos quais a nossa energia pessoal flui, movimenta e nos coloca em contato com o mundo externo.

Para os que são católicos (ou não), há um livro do Padre Fabio de Melo, intitulado Quem me roubou de mim que aborda muito bem esse tema. Vale a leitura.

Possuímos uma dinâmica interna que recicla as energias que captamos do mundo externo, funcionando continuamente a nosso favor (grave essa parte, a nosso favor). Então, como podemos melhorar os nossos canais que filtram essas trocas energéticas?

Se estamos leves e livres de tantas cargas essas toxinas energéticas passam por nós mas não permanecem conosco, não nos contagiam e assim não somos roubados em nossa energia. É mais ou menos o seguinte: cliente tenso, verba curta, projeto atrasado e você consegue manter o clima interno em paz, mesmo diante da situação. Momentaneamente pode até existir alguma energia mais densa, mas quando a situação passa, aquilo não fica se remoendo em nós.

Mas, se os nossos filtros estiverem intoxicados de situações mal resolvidas, conflitos com colegas e clientes, pensamentos e sentimentos densos, e tudo o que podemos considerar como lixo energético pessoal, fica mais difícil do nosso corpo usar os seus recursos próprios de limpeza e filtragem. E cá para nós, há tantas coisas não ditas e a serem resolvidas nos ambientes empresariais né? Muito trabalho, pouco tempo, altos níveis de exigência e etc. Tudo isso dificulta que estejamos sempre atentos para a energia que emanamos.

E como não estamos leves e livres dessas cargas 100% do tempo, precisamos ter recursos de limpeza para realizar uma espécie de “faxina” em situações de emergência.

Olha só algumas dicas:

Respire (essa eu acho que tem em qualquer lugar que fale desse assunto).

Sabe a capa de proteção do Superman? Não, não é para usar, é para imaginar. Imagine uma espécie de capa de proteção, como se fosse uma luz te protegendo, pode ser da cor que você preferir ou precisar em cada momento. Lembra da capa de invisibilidade do Harry Potter? O efeito é parecido, energias densas só grudam se houver abertura em nós. Se usarmos nossa inteligência a nosso favor, estaremos sempre protegidos.

Vida de Executiva
Crie uma tela mental positiva. No português claro, pare de imaginar as coisas dando errado. Tenho clientes que perdem o sono imaginando o que pode dar errado nas reuniões e tudo o mais. Então relaxe e pense em boas coisas.

Use a sua voz interior de forma positiva, dizendo a si mesmo palavras gentis, estimulantes. É isso mesmo, converse sozinho e seja legal com você! No mínimo vai ser engraçado e você vai se divertir um pouquinho. Dica: pode ser mentalmente, não precisa falar alto.

Defina seus limites pessoais, criando um espaço sagrado em seu íntimo com afirmações de segurança, amor e paz. Como diz o velho ditado “assombração sabe para quem aparece”, então mantenha o seu interior em paz e estabeleça os limites que cada pessoa terá para compartilhar da sua energia.

Se o lugar onde você trabalha permitir, tenha um espacinho sagrado, com algum objeto que te lembre de todo esse campo energético, assim você sempre estará alerta em relação a essas influências. Pode ser na sua mesa mesmo. Aqui na Maestro, eu e a minha sócia temos um espaço com aromas, leituras, pedras e tudo o mais que nos ajuda a “limpar” a energia. Nossa sala é até conhecida com a mais cheirosa do complexo, haha!

E o mais importante. Observe se não é você quem anda roubando energia por aí. Em tantos momentos estamos tão fora de nós mesmos que nem percebemos que somos nós a influência não tão positiva.

Com o tempo teremos mais dicas sobre esse tema por aqui. E se alguém ficou com alguma dúvida, comente aqui embaixo ou mande um e-mail. Tem o endereço aí no contato do blog.


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O Poder da Gratidão

A gratidão conclui. A ausência dela rompe. O que está concluído pode partir em paz. O que está rompido fica pendente.

O grato olha para o que recebeu. Consegue ver a realidade dos fatos, pois, o seu foco é no que precisa aprender com cada situação. Então aprende e segue. Aquele que rompe, olha para o que faltou. Reclama e repete. É preciso repetir o ciclo para aprender o que ficou rompido.

<img alt="O Poder da Gratidão">

É por isso que arrumamos empregos parecidos, chefes com comportamentos semelhantes, colegas que nos fazem sentir como os da empresa anterior e assim vai. Todas as situações (especialmente as repetitivas) são uma oportunidade de perceber algo novo e aprender. Já reparou que quando aprendemos a resolver um problema parece que ele nunca mais volta? E frequentemente agradecemos por muitas experiências, a princípio negativas, que em seguida nos tornam mais capazes. É uma coisa estranha, como diz a minha sócia, dá até raiva.

Uma vez, um cliente deu um “piti” numa reunião (quem nunca viu um?). Bateu na mesa, gritou e quando ficou calmo concordou com o que estava sendo proposto. Mas só quem já esteve numa reunião tensa, sabe como se portar. Depois que saí dessa, nunca mais teve “piti”. Melhorei minha habilidade em expor os pontos que precisam ser tratados; aprendi a dar tempo para o cliente ouvir e compreender; aprendi que errar é válido e que sou capaz de conduzir uma situação inesperada.

E é assim que seguimos, os novos desafios abrem os ciclos, os aprendizados fecham. O negócio é perceber esse movimento e compreender que "nada vai embora sem antes ter nos ensinado o que precisamos saber". Essa frase de Pema Chödrön é simples e bem profunda. Quando diz que nada vai embora, não se refere apenas às pessoas que vão e vem, mas também às situações que vivemos com elas. Se saímos de uma empresa sem concluir o que é preciso aprender ali, iremos escolher outro emprego que nos traga essa mesma oportunidade.

<img alt="Vida de executiva">
Em um seminário que participei em São Paulo, vivenciei um exercício maravilhoso com o Oswaldo Santucci (sou fã), no qual honrávamos os nossos passos na carreira. Imagina uma fila de gente, cada um representando uma etapa da sua carreira. É como se olhássemos para todos os cargos que já ocupamos no passado e que nos trouxeram até aqui, cada um com uma história, um nível de maturidade diferente na vida, mas todos com algo a entregar para o futuro. E quando recebemos o que já plantamos e que a vida fez florescer em nós é muito bom. Agradecer a si próprio pelo caminho trilhado é libertador. O ciclo pode se fechar. O que é do passado fica lá; o presente fica apoiado e o futuro é bem-vindo. Ufa, é um alívio. O coração agradece.


Um exercício como esse, coordenado por um profissional especializado e top como o meu professor, ensina o poder da gratidão, de olhar a vida com olhos de abundância, de seguir em frente com alegria por todas as experiências vividas.

Se você está infeliz no seu trabalho, experimente olhar por esse ângulo. Como você chegou até aí? O que tem para aprender nessa empresa? O que é possível aprender com essas pessoas que estão aí? Se a resposta for “nada”, fique atenta (o), pode haver um rompimento por aí, pois nada nem ninguém vem sem uma lição. Ainda assim, se estiver muito difícil perceber a parte boa do seu trabalho atual, experimente respirar e mentalmente dizer obrigada (o) a este trabalho, ou à situação que te incomoda. Faça isso por alguns dias e se quiser depois me conte como se sentiu (aqui nos comentários ou pelo contato). Pode parecer estranho no início, mas com o tempo a mente se acalma e saímos do julgamento para a criatividade. Ficará mais fácil o aprendizado.

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Espero que você se olhe com gratidão. Tudo o que fez até aqui foi muito importante. O momento da carreira atual é a oportunidade preciosa de construir um futuro realizador nesse aspecto, por isso olhe com olhos de reconhecimento para esses desafios, eles vêm com a missão de te dizer que você é capaz de conquistar o melhor sempre.

A Viabilidade Sistêmica

Trabalho com projetos para empresas há alguns anos e sempre tive a sensação de que nenhum projeto pode dar certo quando tem alguém infeliz envolvido no processo. A princípio não entendia muito bem o que acontecia, mas várias vezes vi bons projetos serem descartados ou virar calço de mesa e as pessoas (empresas) continuarem com os problemas. Sai de várias reuniões pensando: “Nossa... Deve ser ruim ser ele (a)”. Por algum motivo eu sabia que felicidade seria diretamente proporcional a projetos funcionando na realidade.

O que isso tem a ver com colo de mãe? Nada. Por enquanto. Voltando à história, continuei desenvolvendo os projetos com base nas ferramentas de gestão disponíveis, mas lá em algum lugar do coração eu realmente queria poder dizer para alguns clientes: “Por favor, seja um pouco mais feliz que a vida melhora. Nós vamos poder falar mais do trabalho ao invés de discutir o porquê do quê, que não leva a nada e só justifica a existência do problema mas não o resolve”. Para alguns eu até disse. Mas felicidade não é recomendação, é escolha. E quase ninguém sabe bem como é ser feliz, inclusive eu, então a coisa ficava muito abstrata. De qualquer modo seria no mínimo esquisito fazer projetos de marketing feliz, planejamento estratégico para o desenvolvimento amoroso do negócio e etc. Então continuei com a Matriz SWOT tradicional mesmo.

Um belo dia (olha o clichê), conheci o trabalho das constelações familiares. Até que enfim, porque a história já está ficando comprida. Quanto mais experimentava o processo das constelações, mais percebia a influência dos sistemas nas atividades organizacionais e como, mesmo com as melhores intenções, decisões e ferramentas, as pessoas não conseguiam agir e paralisavam o negócio ou criavam o mesmo problema de maneira recorrente.

Resolvi arriscar e com o apoio de dois psicólogos, comecei a introduzir as constelações nos projetos que desenvolvemos na Maestro. O resultado foi impressionante. Especialmente pelo semblante de alívio dos clientes ao final das reuniões. Os projetos ganharam mais consistência e mais realidade.

O que significa um projeto com mais realidade? É focado no possível e num caminho que está ligado diretamente ao coração da empresa (ou do empreendedor). Esses são reais, porque lidam de fato com o que se está disposto a realizar. Frequentemente, vemos excelentes consultores orientando com as melhores ferramentas e ainda assim seus clientes não conseguem caminhar. Há uma dinâmica oculta o processo que quando não é vista resulta em frustração. É como se o projeto apontasse para um lado e a dinâmica que rege as pessoas na empresa para outro. Chamo isso de cultura oculta.

<img alt="Vida de executiva">


A partir dessas observações e da experiência com projetos sistêmicos, desenvolvi o conceito de viabilidade sistêmica. Quando se avalia a viabilidade de um negócio há dois focos comuns, o mercadológico (existe mercado potencial para o meu produto? Como esse mercado se comporta? Com qual operação é possível atende-lo? Etc.) e o financeiro (qual será o retorno sobre esse investimento?). Um terceiro pilar que pode ser avaliado é o sistêmico.

A viabilidade sistêmica atua num nível mais profundo de análise, compreendendo aquilo que liga o empreendedor ao seu negócio. É essa a ligação, muitas vezes oculta, que sustenta o negócio. A energia, a criatividade, a decisão, o envolvimento, entre outros, são aspectos que dependem de quem são os donos dessa organização, e do “para que” ela foi criada.

Nesse estudo, compreendemos o quanto o empresário e sua equipe são viáveis para essa empresa e/ou para esse projeto e vice-versa. É possível avaliar o quanto o projeto e a empresa também são viáveis para essas pessoas, afinal são elas que vão (ou não) fazer acontecer. A partir desse estudo, compreendemos o que de fato precisa ser trabalhado com as pessoas nas empresas, de quais são as evoluções profissionais (e porque não pessoais) que cada um precisa para que o negócio seja viável, não apenas para o mercado ou para o DRE, mas também para aqueles que estão envolvidos no processo de vida dessa empresa.

Assim como na família, que podemos estar num fluxo de vida ou de morte, as empresas caminham para o fluxo de prosperidade ou de retração na medida em que desvendam suas dores reais e são capazes de olhar para suas culturas ocultas. A viabilidade sistêmica é mais um passo para a saúde da empresa em direção ao mercado, bem como das pessoas que a levam até lá.

E o colinho da mamãe? Essa foi uma das dinâmicas que observamos nos projetos para os quais utilizamos esses conceitos de que falo aqui no post. Nas empresas maternais, a cultura oculta faz com que os membros da organização foquem seus esforços para a própria empresa objetivando atender aos anseios do proprietário. Os clientes nesse sistema são os últimos a serem vistos. Já viu algum caso de empresário que vive por conta da empresa, está sobrecarregado mas não consegue parar de trabalhar e, se parar, a empresa também para? Então, esse é um dos efeitos possíveis de uma dinâmica maternal.

Falaremos mais sobre esse tema por aqui. Com o tempo vou contando sobre a metodologia da viabilidade sistêmica. Aguardem o post especial sobre as empresas maternais.

E quem quiser contribuir, seja bem-vindo (a).

* Um agradecimento especial ao Leonardo Nogueira e à Deise Carvalho pelo apoio e incentivo nesse trabalho.